Compartilho trechos da matéria da assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa de Minas, sobre a crise financeira pela qual passam os municípios
:
Procurador reconhece que queda na arrecadação pode prejudicar contas municipais, mas recomenda cautela
“Se fosse um gestor público municipal, e mesmo sabendo
da injustiça da arrecadação no País, seria cauteloso ao chegar em final
de mandato com as contas apertadas”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Alceu Torres Marques. Ele
participou, nesta quarta-feira (7/11/12), no Plenário da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, da Reunião em Defesa dos Municípios
Mineiros, realizada pela Mesa da Assembleia, juntamente com a Comissão
de Assuntos Municipais e Regionalização.
Redução de repasses federais pode descaracterizar descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal
Diante das dificuldades financeiras enfrentadas por
várias administrações municipais, Alceu Marques explicou que os
prefeitos podem ingressar com medida antecipativa, em caráter cautelar e
preventivo, para evitar o dolo de um eventual descumprimento da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) sobre o qual acreditam não ter
responsabilidade. A medida, disse, visa à garantia de possíveis
argumentos que possam ser usados pelos prefeitos para preservar uma
situação de legalidade quanto ao cumprimento da LRF, que impõe limites
aos gastos públicos. Uma das consequências em caso de descumprimento é a
eventual inelegibilidade dos prefeitos em pleitos futuros.
O representante do Ministério Público disse reconhecer a
existência de casos de descumprimento devido ainda a situações como de
incapacidade técnica e contábil. “Mas cada caso é um caso. O que posso
fazer é colocar o Ministério Público à disposição para receber eventuais
ponderações e pleitos. Lembrando que há independência de atuação, mas
que o Ministério Público não vai servir de instrumento para injustiças”.
O procurador disse que reconhece as dificuldades dos municípios mas
defende a LRF. “Hoje, passado um pleito, o coitado do vencedor vai
assumir uma prefeitura em cangalhos e o coitado do derrotado vai para a
oposição tentando a judicialização do processo eleitoral. Mas a Lei de
Responsabilidade Fiscal não foge do que devemos aplicar na vida
particular e privada, que é regular o gasto”, registrou.
O procurador citou que, à frente do Ministério Público, ele próprio
está às voltas com carência de servidores e um concurso aprovado, mas
não realizado por razões financeiras. “Não tive coragem porque sei que
corro o risco de deixar despesas. Temos um mandato de dois anos e também
enfrentamos problemas como esses”.
Já o conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais, o ex-deputado
Doutor Viana, ponderou que a atual crise europeia tem reflexos no
Brasil, levando o governo a mexer em impostos, ainda que alguns
componham o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Mas é preciso
sensibilizar o Governo Federal, porque foi grande a queda de recursos
para os municípios”, afirmou.
Deputados apoiam prefeitos
O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado
Almir Paraca (PT), destacou que a grande presença dos prefeitos na
discussão mostrou o acerto do evento. Segundo ele, diante das
dificuldades em final de mandato, alguns deles são obrigados a
descontinuar ações para contemplar demandas mais urgentes da população, o
que representa um problema também para os prefeitos que vão chegar.
Outros parlamentares também se manifestaram em defesa dos prefeitos. O
deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) se disse preocupado com a
situação dos atuais prefeitos e afirmou que as dificuldades discutidas
no encontro atingem os municípios brasileiros em geral. Ele defendeu que
a ALMG, por meio de seu corpo jurídico, estude medidas que os prefeitos
possam adotar quando da prestação de contas.
Para Bonifácio Mourão (PSDB), líder do Governo na Assembleia, a pior
punição a um gestor é ter seu nome divulgado na imprensa quando é
denunciado pelo Ministério Público, enquanto um resultado posterior
favorável às contas do prefeito não ganha a mesma visibilidade na
imprensa. Ele defendeu que as contas municipais sejam julgadas com bom
senso e que medidas preventinas cabíveis, como ação cautelar, sejam
estudadas.
O deputado Duilio de Castro (PMN) lembrou que, apesar de penalizadas
nas finanças, diversas prefeituras cedem servidores municipais para o
funcionamento de vários órgãos estaduais ou mesmo federais. O
parlamentar defendeu uma revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal, no
que foi apoiado pela deputada Maria Tereza Lara (PT). A parlamentar
acrescentou que o Governo do Estado também tem que ampliar investimentos
em saúde, educação e segurança para desafogar os municípios.
Também sobre o papel do Estado, o deputado Elismar Prado (PT) emendou
que Minas, por meio da Cemig, insiste em não aceitar a redução das
tarifas de energia elétrica preconizada pelo Governo Federal e também
defendeu um novo pacto federativo. Por sua vez, a deputada Luzia
Ferreira (PPS) frisou que o município é o espaço da cidadania e que o
movimento em defesa de sua valorização deve ser de toda a nação.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) também se disse solidário à
causa dos municípios. Já o deputado Dilzon Melo (PTB) afirmou que muitos
prefeitos, mesmo tendo herdado dívidas de antecessores, terão agora
mais dificuldades diante da redução do FPM. “Estão tentando fazer
cortesia com o chapéu do outro”, criticou, referindo-se à União.
fonte: http://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2012/11/7_encontro_prefeitos_procurador_deputados.html