O Poder é Civil
Comecei a escrever regularmente para um jornal em 2006. Eu era um mancebo estudante de Direito de 20 anos e os textos refletiam as utopias de um jovem idealista legislador municipal que tinha uma certeza: era possível e necessário mudar o mundo.
Alisson Diego - maio de 2018. |
O jornal para o qual eu escrevia era o extinto Gazeta da Conquista, um periódico que durou pouco tempo, mas tem lugar de destaque na história jornalística de Itaguara. Antes disso, tive a oportunidade de escrever esporadicamente para um jornal partidário durante os anos de 2002 e 2003.
Anos depois, contribuí com textos literários para o Jornal Spasso de Itaúna. O amigo professor Ralph Maulaz disse-me, certa vez, que estes eram textos verdadeiramente literários e inspiradores. Não sei se Ralph (um autêntico acadêmico e exigente leitor) foi excessivamente gentil, mas o fato é que seu feedback foi um incentivo muito importante à época.
Pois bem, o tempo passou, a razão amadureceu e eu resisti bastante antes de aceitar o desafio de voltar a ser articulista, mas o gosto pela escrita aliado à necessidade imperiosa de provocar necessárias reflexões nestes tempos estranhos que vivemos, convenceram-me a oferecer a minha contribuição.
Penso que o desafio de todo articulista é ser sucinto, sem ser raso; ser claro, sem tergiversar e tratar de assuntos atuais, sem deixar de contextualizar e flertar com a história. É isso que espero fazer neste espaço. Para tanto, conto com a valiosa participação dos leitores, inclusive com a sugestão de temas a serem abordados.
Para não ficar apenas no âmbito de um simulacro de “ensaio autobiográfico”, aproveito este espaço para dizer que tenho me assustado imensamente com as manifestações de inúmeros “cidadãos de bem” pedindo a volta do regime militar ou uma tal “intervenção constitucional militar”. Tais possibilidades são absurdamente inaceitáveis e romper com a democracia nunca será o melhor caminho. Ademais, todos os brasileiros precisamos saber que o estado democrático de direito é uma cláusula pétrea da nossa Constituição.
Como disse o historiador Leandro Karnal, ao refutar as aventuras antidemocráticas: “Se um remédio não está funcionando, não devemos executar o paciente numa câmara de gás, mas sim mudar o remédio; achar algo mais eficaz (...) Não há como defender eticamente um regime militar”.
Queremos mudar os rumos da nação? Para isso, haverá eleições em outubro. Precisamos e muito dos generais e das forças armadas – mas exclusivamente adstritos às suas funções constitucionais. O poder é civil!
Alisson Diego Batista Moraes