Matéria e
fotos: Iza Campos
Arte e Cultura, duas palavras que
agregam várias definições e conceitos, daí as diferentes possibilidades de se
abraçar temas e atrações para um evento como o realizado pelo Museu Sagarana –
Musa. Uma semana de conhecimento, cultura, debates, palestras, oficinas, shows
e, sobretudo, participação popular. O 2º aniversário do museu foi marcado por
grandes reflexões da visão do cidadão itaguarense sobre a sua própria cultura
regional.
O museu teve
o prazer de apresentar ‘Olhai os Lírios do Campo’, uma exposição fotográfica e
instalação que resgatam a história de trabalhadores do campo para um universo
amplo e mecânico da cidade. Projeto idealizado pelo artista plástico José
Antônio de Castro, que traz para o nosso cotidiano uma visão que mescla
realidade e a lembrança de um tempo em que o habitual era se viver e desfrutar
da natureza encontrada na roça. A exposição trouxe diversas pessoas que nunca
haviam entrado em um museu e, de repente, se viram ali, como inspiração
artística - trazendo dignidade e protagonismo para essa parcela da comunidade
de Itaguara, que, de forma heróica, resiste à pressão do mundo consumista e
suas adversidades.
Entre as
apresentações, como o emocionante Encontro de Sanfoneiros, no domingo de
Páscoa, que reuniu famílias e adoradores da bela sanfona, as oficinas
artísticas também possibilitaram ao Grupo de Idosos do CRAS e aos professores,
outras experiências de criação e sensibilidade, que coloriu em uma cortina de
monotipias e estamparias imagens do cotidiano.
O Projeto
Vozes do Museu, deu oportunidade para a artista Madalena Rodrigues (Grupo
Sementes da Arte), desenvolver suas habilidades e ofereceu ao público um
momento diferenciado, onde o conto “O Espelho” foi teatralmente apresentado ao
público dialogando com o espaço físico do museu.
Durante a
programação tivemos uma aula aberta com o professor Aroldo Lacerda,
apresentando práticas que podem ser desenvolvidas com educadores e alunos em
visitas museais, que foi muito aplaudido pelos presentes que revelaram ser
possível transformar a maneira de lecionar a disciplina de Educação Artística
nas escolas.
As artes
visuais também estiveram inseridas no evento, o documentário “O que eu quero
das Flores” emocionou dezenas de pessoas que puderam conhecer a vida de uma
artista – Dona Adelícia Amorim -, bordadeira, vida simples e comum como tantas
itaguarenses que igualmente se dedicam a essa atividade.
Além dos
eventos culturais, o Encontro de Lideranças Rurais ressaltou a importância do
homem do campo, que funcionou como uma reunião para os moradores da zona rural
exporem as suas sugestões e reinvindicações para melhorias, com a presença do
prefeito Alisson Diego Batista.
A Guarda de
Congado dos Marinheiros tocou a todos em uma apresentação antes do bate-papo,
também regado a música, com o Frei Chico e o Pe. Mauro Passos, que enfatizaram
a importância que devemos dar a nossa cultura de raiz para não perdê-la para as
novas tradições.
E para
fechar com chave de ouro a 2ª Semana de Arte e Cultura do Museu Sagarana, com a
presença de Vilma Guimarães Rosa e seu marido Peter Quiney Reeves, o regente da
Banda de Música da Polícia Militar de Minas Gerais, Tenente Tavares, inovou
trazendo um repertório diversificado – de The Beatles a Tim Maia – que
entreteve os presentes apreciadores da banda. A Praça de Convivência, ou do
Museu como é popularmente chamada, se tornou um espaço para troca, intercâmbio
artístico para integrantes da Banda de Música de Itaguara, que prestigiaram o
evento. O violeiro Chico Lobo finalizou o grande evento e fez o público
levantar, bater palma, dançar catira e cantar junto a ele. Além de contar
causos, chamou cantores itaguarenses para subir ao palco e se apresentar. Chico
fez muita gente rever bons momentos e fases da vida.
Para o
produtor do evento Camilo Lélis a semana foi rica em atrações e conteúdos. “Foi
um evento que agregou valores, integrando cidade e zona rural. Muito oportuno e
feliz foi o projeto de Zé Antônio, pois através da exposição pudemos escolher
outras atrações que debateram cultura popular, divulgando e ampliando os
conceitos sobre nossas festas, tradições e expressão artística. É gratificante
pensar um projeto, formatá-lo no papel e depois vê-lo ganhar corpo, oferecendo
a socialização, encontro, aprendizado, apontando novos horizontes e descobertas.
Difícil e trabalhoso, mas muito gratificante”.