Artigo Publicado no Gazeta da Conquista, em maio de 2007.João Paulo II havia sido o único papa a visitar nosso país. Havia, portanto, muita expectativa com a visita de Bento XVI, de como seria seu comportamento, discursos e
ações. Contudo, quem esperava
polêmicas, moralismo e sisudez do pontífice, enganou-se. Os brasileiros viram um papa alegre (contagiado pela
brasilidade), evitando tocar em assuntos
polêmicos e com clara disposição em dar uma conotação puramente apostólica à sua visita.
O pontífice, além de canonizar Frei Galvão, encontrar com jovens e abrir a Conferência do Episcopado da América Latina, trouxe mensagens importantes. A de maior relevo foi a defesa incondicional da vida. Bento XVI, já na chegada ao Brasil, pediu o respeito à vida “desde a sua concepção até o seu natural declínio”.
Aproveitando as repercussões da visita pontifícia, deve-se lembrar de um outro importante líder da Igreja Católica: João
XXIII; para muitos estudiosos
eclesiásticos, o maior papa que já houve.
João
XXIII nasceu em 1881, em
Bérgamo, na Itália. Filho de simples camponeses italianos, foi o quarto de treze irmãos. Decidiu seguir o caminho religioso ainda jovem; aos 15 anos ingressou na Ordem Franciscana Secular. Aos 23 anos ordenou-se padre. Na época da I Guerra Mundial foi capelão militar dos soldados feridos e trabalhou na pastoral de jovens. Começou a ter maior espaço na Igreja quando foi nomeado presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, cargo que lhe permitiu percorrer muitas dioceses da Itália e organizar círculos missionários. Durante a II Guerra, quando já era bispo, salvou inúmeros prisioneiros e judeus. Em 1953, foi nomeado cardeal e em 1958, com a morte de Pio XII, foi eleito Papa, quando já tinha 77 anos de idade.
Na época, muitos pensavam que o papa João
XXIII teria um mandato curto e sem importância. Entretanto, estavam errados os prognósticos e apesar de ficar por apenas 5 anos na
direção da Igreja, o papado de João
XXIII é considerado o mais progressista e inovador da história da Igreja.
Dentre outras importantes
ações, o pontificado de João
XXIII foi responsável pela revisão do Código
Canônico e, especialmente, pela realização do Concílio Vaticano II – um verdadeiro marco na história da Igreja Católica. Este Concílio foi o primeiro da era moderna e
caracterizou-se pela
internacionalidade, ecumenismo e diversidade cultural e teológica. “A janela havia sido aberta e um vento forte de renovação soprou por todos os recantos da Igreja”... O Concílio ressaltou a opção pelos pobres e fez acreditar que uma nova Igreja e um novo mundo (mais justo e solidário) eram possíveis; gerou frutos
inabaláveis na Igreja da América Latina e alargou o horizonte das esperanças. João
XXIII faleceu no dia 03 de
junho de 1963, mas as suas marcas ainda permanecem vivas.
João
XXIII e Bento XVI estão separados pelo tempo, mas têm algo em comum: foram eleitos papas quase aos 80 anos e sob a desconfiança de muitos analistas. João
XXIII mostrou fôlego, entusiasmo, força renovadora e já entrou para a história como o Papa da Renovação e da Bondade. Agora é aguardar para ver como a história se lembrará de Bento.
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Alisson Diego
Batista Moraes, vereador