quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sobre o eclipse lunar combinado com a superlua

* Publicado originalmente no Facebook em 27/09/2015.


A lua eclipsada, o céu e nós *

Em todo o mundo, milhões aguardavam ansiosos pelo raro fenômeno astronômico. Pela primeira vez, em mais de 3 décadas, um eclipse lunar total combinado com uma superlua! Eu, é claro, era um dos milhões de ansiosos. Obviamente, não poderia perder essa "poeticidade dos céus", afinal de contas, quem me conhece sabe muito bem que sou um astrônomo frustrado e um observador amadoramente voraz e entusiasmado. Não perco nenhum fenômeno astronômico que eu consiga ver razoavelmente pelo meu pequeno e simplório telescópio (a quem batizei de little Kepler há uns 5 anos).

Esses dois fenômenos acontecendo simultaneamente é algo considerado raro. O último aconteceu em 1982. E quem perdeu o espetáculo terá que esperar até 2033. Foi indizivelmente belo. Foi poesia! Poesia é a natureza e o universo em movimento. Poesia foi ter olhado para o céu e contemplado essa extraordinária efeméride divino-astronômica que ficará magicamente registrada em minha memória até os últimos dias de minha existência.

Foto tirada do Litlle Keppler
Quando a gente para a fim de pensar nos mundanos problemas que temos todos nós, os humanos contemporâneos, até nos envergonhamos diante da grandeza do universo e da pequeneza nossa. Somos fagulhas milimétricas numa quase infinita fogueira cósmica. Somos um instantezinho quase desimportante em bilhões de anos de evolução cósmica.

Ante a grandeza cósmica, você ainda anda preocupado(a) com o que falaram de você ontem? Sobre aquela fofoquinha do trabalho ou da escola ? A carreira, o carro novo, a carteira cheia, os estudos... E aquele boleto que tem de ser pago amanhã? Sim, todos nos preocupamos. É claro que sempre nos preocuparemos.

Todavia, não podemos nos olvidar de olhar para o céu de vez em quando. Fenômenos como o deste domingo só nos reafirma o que todos já sabemos ou deveríamos saber: somos parte do cosmos, essa grandiosidade monstruosamente bela, instigante e encantadora. Estamos aqui de passagem. Então para que inveja, orgulho, egoísmo, traição e desejos e ações ruins? Não, não governamos o universo. Somos uma fração de segundo no livro infinito do tempo. Não governamos os fenômenos. Os eclipses existirão independentemente de nós! A natureza e os cosmos se governam e nós, os heroicos super-humanos, somos muito mais governados que governantes.

Enfim, sabe o que pensei, utopicamente, ao assistir a este "raro" eclipse? Que é mais do que necessário respeitar o cosmos e a natureza, sentir-se parte desse todo e melhorar, no que pudermos, a convivência humana. Sem nenhum tipo moralismo (que, aliás, abomino veementemente) apenas foram essas as minhas sensações. Mas ainda tem gente que acha que manda nos outros, que governa as pessoas, que dita os rumos do mundo. Levianas pretensões.

PS: Meu último livro de poemas não se chama O Tempo e as Estrelas, por acaso. Viva o cosmos e sua grandeza magistral!

* A. Diego

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