segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Educação: Projeto Construir a Esperança

O professor português José Francisco Pacheco esteve na Casa de Dona Dorica, em Itaguara, no sábado (26), a convite da presidente da instituição, Maria Luiza da Silveira, para iniciar um projeto educacional pioneiro na cidade.

O projeto
Construir a Esperança terá a duração de dez anos e consiste num acompanhamento sistemático da comunidade escolar itaguarense objetivando mudança de paradigmas e novas formas de alcançar a qualidade na aprendizagem.

No encontro de sábado, o professor Zé da Ponte, como é conhecido e gosta de ser chamado o educador, falou sobre os desafios da educação nos dias de hoje. O projeto que se iniciará em Itaguara visa à capacitação e abertura de consciência de professores, alunos e comunidade escolar, implantando um novo conceito educacional. O professor ressaltou a necessidade de envolvimento de toda a comunidade, sobretudo as famílias, para a efetiva melhoria da educação. "Não é a Escola que deve ser apoiada pela Família. É a Família, enquanto núcleo da sociedade, que deve ser integralmente apoiada pela Escola", afirmou José.

"Quero parabenizar a iniciativa de Dona Maria Luiza e dizer que Itaguara se sente muito honrada por ter o apoio deste grande educador, que é o professor José Pacheco. Ao final deste
projeto, nossa cidade certamente terá alcançado excelentes resultados", disse o prefeito Diego.

José Pacheco e a Escola da Ponte


O educador português é o idealizador da Escola da Ponte, localizada em Vila das Aves, a 30 quilômetros da cidade do Porto, em Portugal. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico em nada se parece com as demais.

A Escola da Ponte não segue um sistema baseado em seriação ou ciclos e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específicas. As crianças e os adolescentes que lá estudam definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais.

O professor explica que não há salas de aula, e sim lugares onde cada aluno procura pessoas, ferramentas e soluções, testa seus conhecimentos e convive com os outros. O sistema tem se mostrado viável por pelo menos dois motivos: primeiro, porque os educadores estão abertos a mudanças; segundo, porque as famílias dos alunos apóiam e defendem a escola idealizada por Pacheco.

"O nosso modelo é baseado em três grandes valores: a liberdade, a responsabilidade e a solidariedade. Algumas pessoas consideram que todos precisam ser iguais e que ninguém tem direito a pensamento e ação divergentes. Há quem rejeite a proposta por preconceito, mas isso nós compreendemos porque também temos os nossos. A diferença é que nós nunca colocamos em cheque o trabalho dos outros. Consideramos que quem nos ataca faz isso porque não foi nosso aluno e não aprendeu a respeitar o ponto de vista alheio.

Nós acreditamos que um projeto como o nosso só é viável quando todos reconhecem os objetivos comuns e se conhecem. Isso não significa apenas saber o nome, e sim ter intimidade, como em uma família. É nesse ponto que o projeto se distingue. O viver em uma escola é um sentimento de cumplicidade, de amor fraterno. Todos que nos visitam dizem que ficam impressionados com o olhar das pessoas que ali estão, com o afeto e a palavra terna que trocam entre si. Não sei se estou falando de educação ou da minha escola, mas é isso o que acontece lá", disse o professor em entrevista à Revista Nova Escola em abril de 2004.

Acima à esquerda, o professor Zé da Ponte na Casa de D. Dorica.

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