Tenente Coronel João Luis de Oliveira Campos |
João Luis de Oliveira Campos (*1834 + 1914) hoje é o nome de uma das cinco equipes de ESF (Estratégia de Saúde da Família) de Itaguara-MG. Ele faleceu há 114 anos, mas a sua história não pode ser esquecida e, por isso, compartilhamo-na aqui neste espaço (autoria da professora Maria Geralda Costa):
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O Tenente Coronel João Luís de Oliveira Campos foi dono da Fazenda da Mata, cuja sede é hoje residência de D. Eneida de Oliveira Malta. A casa sofreu reformas, mas guarda a mesma estrutura. A parte de cima era a residência da família e a de baixo a senzala. Ele possuía muitos escravos. Embora fosse tido como “bom senhor de escravos”, meu avô, seu filho, dizia guardar tristes lembranças do tempo da escravatura. Lamentava ter vivido nessa época.
Ele casou-se em primeiras núpcias com Mariana Francisca de Paula, filha dos antigos donos da Fazenda do Pará. Portugueses, Coronel João Luis e D. Mariana tiveram os seguintes filhos:
- Cipriana Vilela de Oliveira Campos, nascida em 1871, esposa de Teotônio Rodrigues Pereira;
- Bárbara Vilela de Oliveira, esposa do primo, Coronel Joaquim Vilela Frazão, homem de muitos bens; não tiveram filhos. Seu testamento recomendava bens para construção de uma escola. É a nossa escola Coronel Frazão.
- Antônio Luis de Oliveira Vilela, esposo de Gabriela Luisa de Oliveira. Ele foi delegado, é o personagem "Major Anacleto", na obra de Guimarães Rosa. É tataravô do ex-prefeito Alisson Diego Batista de Moraes.
- Luis Vilela de Oliveira Campos (meu avô) cuja esposa Arminda Luisa de Oliveira era irmã de Gabriela.
- José Luis de Oliveira Vilela que se casou com Francisca Dias de Oliveira Leite, natural de Congonhas (avós de D. Hélia de Oliveira Vilela).
- Maria das Dores de Oliveira Campos (D. Dorica – patrona da casa de D. Dorica) esposa do farmacêutico Arthur Contagem Vilaça, natural de Crucilândia.
- Maria do Carmo Vilela Oliveira (bisavó da curadora do Musa - Maria Rita) , casada com Antônio Rodrigues de Oliveira.
O título de Tenente Coronel lhe foi conferido pelo Império. A patente e a espada doadas na época que recebeu o título estão com descendentes seus. A espada, com bisneto de Coronel Antônio Luis e a patente, com um bisneto de D. Cipriana.
Naquela época por aqui não havia médico e nem farmacêutico. Coronel João Luis cuidava da saúde de nosso povo (havia outros que faziam o mesmo). Dizem que seus remédios eram bem acertados. Quando alguém insistia querendo um diagnóstico, sua resposta era categórica. “Pode ser que seja e pode ser que não seja”! Conhecemos em Oliveira, D. Amanda que dizia ter sido curada por ele. Ela sofria algo nos olhos que muito a incomodava. Ele deu uma picada no seu dedo e com seu próprio sangue a curou! D. Amanda era uma velha ex-escrava.
Ele procurava estudar. Um de seus livros, Guia Pratico da Saúde, editado pela “Casa de Publicação Brasileira” de São Paulo, ainda existe e pertence hoje ao veterinário Fábio de Oliveira Ribeiro (bisneto). Tem-se a impressão que seu amor à medicina passou aos seus descendentes. São 24 os médicos de sua descendência .
Dezessete deles descendem do casal Cipriana e Teotônio. Também João Rodrigues que desempenhou cargos importantes na Arquidiocese de Belo Horizonte era filho deles. Os netos do Coronel João Luis e D. Mariana os chamavam de pai João (parecendo mais "Pajão") e Mãe da Mata .
O Coronel João Luis ficou viúvo em 02/02/1906. D. Mariana morreu aos 67 anos. D. Dorica ainda era solteira. Foi entregue pela mãe à irmã mais velha Cipriana. Era desejo de sua mãe vê-la casada com farmacêutico Arthur Contagem Vilaça, sete anos mais novo. Desejo realizado! D. Dorica era moça prendada. No colégio da tia Lilita em Oliveira, aprendera piano, pintura, etc.
Em julho, cinco meses após o falecimento da sua esposa, Coronel João Luis contraía novas núpcias com Belmira Ana de Oliveira, menina moça de 13 anos. Segundo recordações de familiares, ela possuía muitas jóias. Parece que o velho de 72 anos se encantara com a jovenzinha esposa!
Coronel João Luís adquiriu, no arraial, uma casa pertinho da matriz, onde hoje é pizzaria da praça. Ali viveu os seus últimos anos de vida. A casa passou a ser da viúva, D. Belmira. Faleceu aos 80 anos e foi sepultado no dia 10/12/1914 em Rio do Peixe, hoje Piracema. Não havia cemitério aqui. Os mais próximos eram os de Pará dos Vilelas e Piracema.
Dados colhidos no Livro: Genealogia de Carmo de Cajuru, de Oswaldo Diomar, lembranças de parentes e amigos. Em todos os lugares a palavra Luis apareceu com s e sem acento. Págs. 660 - 661
Maria Geralda Costa
Itaguara, 14 de outubro de 2013.
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